quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

09/13

Desde o dia negro, que tudo pareceu desabar. O mundo perdeu o encanto. As lágrimas ganharam dias de vida. Demasiados dias de vida. Desde o dia negro, o poço foi aumentando. A tristeza invadiu o sorriso. Ele lá permanecia. Mas as ruas, essas já assustavam demasiado. A lareira tornou-se mais segura. A cama, a porta trancada. Era tudo melhor nesse canto. As lágrima derramadas começaram a ter poder. Começou-se a sentir a dor de uma outra forma. Era na alma. Era a alma que magoava. Era ter força mas não ter vontade. Era querer mas não conseguir. Não se abria a porta a conhecidos. Não se soltavam palavras a amigos. Não se explicavam sentimentos. Guardando tudo para nós. O coração cada vez mais escuro e vazio. O poço cada vez mais cheio de nada. Desde o dia negro, desde os quatro dias negros. Eu perdi o chão. Eles perderam o mundo. Eu perdi o chão, por eles. Por mim, perdi apenas o que verbalizei. Tudo o resto ainda está em mim. Ainda não foi deitado fora. Corroi. Mata. Destroi. Mas continua cá. Por perder também o suporte. De duas formas completamente distintas. De duas pessoas, em dois mundos diferentes, eu perdi ambas. E hoje, sou uma Lú diferente. Crescida. Mulher. Aprendi que isso de verdadeiros amigos é algo que inventamos para nos confortar, apenas. Não existem.  Não há amor de amigo que suporte as nossas dores, ao nosso lado. Depois dos quatro dias negros, aprendi a viver por mim, sozinha. Aprendi que a familia é tudo o que temos e que sempre será nossa. Mas, ainda assim, aprendi a viver só por mim. Que quem mais confiamos, que quem mais amamos, nem sempre nos retribui da mesma maneira. Ah, aprendi também que consigo ser orgulhosa suficiente para ser feliz. Então, desde 09/13, eu aprendi a ser mulher. Cresci e ninguém me tira daqui. Não mais. A partir desse dia, fui alimentando uma depressão mas matei-a sozinha. Não cresceu o suficiente para ser mais forte do que eu. Percebi então, não preciso de ninguém para ser forte.
Feliz 2014.

3 comentários:

  1. Olá Lú,

    Que saudades que tinha de passar por cá, de ler as tuas palavras. Há dias assim, negros, que nos fazem parar. Mas como o titulo do teu blog diz, há sempre um arco-ires, que muda tudo, que nos surpreende.

    Um beijinho :)

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  2. Olá Lú,

    É sempre maravilhoso passar por aqui para ler e reler as tuas palavras! Acho enorme a tua força de vontade de querer viver para além daquilo que a vida te dá, admiro muito a forma como tu queres enfrentar as tuas próprias escolhas (...) Espero que estejas agir sempre de acordo com aquilo que acabaste por sentir ao longo do tempo em que foste escrevendo tudo isto! É maravilhoso! Muita força, e já sabes, não há problema forte o suficiente para derrubar a força de uma mulher enorme como tu! ;) Beijinho*

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  3. Uau, eu que achava que a minha escrita já nem era vista quase (...) Fico feliz por isso, a sério. Fico feliz também por de certa forma motivar-te a voltar à tua escrita, que é tão monstruosa (no bom sentido).
    Desejo-te exactamente o mesmo, muita força, haverão de vir dias melhores... Tais recompensas como já referiste! Voltarei a passar por cá ... Beijo!

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Opinião.