quarta-feira, 2 de outubro de 2013

JNCPC. P.

Torna-se insuportável. A dor não diminui. A incógnita persiste. A história desenrola-se, sem fim, constantemente, na mente. A boca esboça um sorriso. O coração derrame uma lágrima. Os olhos brilham. O corpo desfalece. Revive-se na memória. Momentos singélos. Alegrias tornadas em felicidade. São memórias. Essas, sem raiva. A imagem não foge. Porquê? Insiste-se numa resposta. Minuciosamente, busca-se mil erros. Procuram-se culpados que nos aliviem a dor. Lembra-se do passado com ódio do presente. Foge-se do escuro. Procuram-se risos contagiantes. Disfarça-se o choro. O medo de percorrer novamente as ruas. Anima-se os outros. Sabe-se que há corpos que não voltarão. Esses, que perdem a vida, não voltam. Por tudo que se faça. Por mil erros que se encontrem. Por cinco culpados que se descubram. Há almas que nunca nos abandonam. Há " amor pela vida" que não se esquece. Há, então, raiva por vidas tiradas. Por vidas acabadas. Pessoas que fazem a falta de cem mundos. Pessoas que fazem falta a cem mundos. Há isto. Um poço fundo no coração. Irá sarar, um dia, quem sabe. Para já, é apenas um poço. Escuro. Frio.

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Opinião.